Ter um filho num país que não é o nosso, traz-nos sempre uma série de questões, dúvidas e medos. Quando decidimos que o pequeno A. ia nascer e crescer aqui, decidimos desbravar tudo isso, e fazer com que o processo fosse o mais suave possível.
Uma das coisas que ninguém pode negar como vantagem a este país, é o seu fantástico apoio à natalidade. A licença de maternidade/paternidade de cerca de 14 meses e todos os apoios dados durante a gravidez e diferentes fases de crescimento dos miúdos (a nível social e de saúde, e também o apoio dado aos pais no campo profissional), são de facto muito apelativos. Com um sistema de educação gabado mundialmente (em relação a alguns aspectos ainda torço o nariz) e uma multiculturalidade imensa, introduzida nas escolas desde muito cedo, poucas são as razões para não preferir este país ao meu.
No entanto, e como alguém que (ainda) ama o seu país, tenho pena que o meu filho não cresça a cantar cantigas em português na escola, a saborear o nosso bom tempo e a lambuzar-se em pastéis de nata numa esplanada, ao fim-de-semana. Ainda me questiono sobre se pelo facto de estar com os avós e os tios só duas vezes por ano, e por apenas falar com eles via Skype durante o resto do ano, vai ter a forte ligação com eles que nós tanto queremos que ele tenha. Se vai gostar de fado. Se vai gostar de comida portuguesa. Se vai sentir o prazer que os pais sentem quando vêm a praia. Se vai ser um ser humano caloroso e simpático, como quase todas as pessoas que vivem naquele rectângulozinho enfiado Atlântico adentro...
Mas na verdade, como aluna de doutoramento e cientista, quando o assunto é ter filhos (e sempre que falamos cá em casa sobre ter o segundo filho), fazê-lo em Portugal está totalmente fora de questão. Por todos os direitos que nos faltam enquanto investigadores, pela quase impossibilidade de tratar o assunto "filhos" como parte integrante das nossas vidas sem ter que sofrer consequências, e também porque não consigo sequer imaginar o que seria deixar um filho com 4 meses num infantário (tenho por todos os pais que enfrentam essa realidade, um profundo respeito).
Assim sendo, há que ter como prioridade a adaptação ao nosso país de acolhimento. Tentar descobrir quais são as diferentes formas de comunicação e línguas que ele vai aprender na escola. Perceber que o clima não é entrave a nada, e saber escolher o equipamento térmico que tem que o acompanhar durante o inverno (a escolha do carrinho já foi uma grande lição) para ele poder brincar lá fora, mesmo com temperaturas negativas. Ficar a conhecer as comidas e sabores que ele ainda não experimentou, e aos quais vai ter que se habituar entretanto. Aceitar a forma como ele vai aprender a tratar a maioria das pessoas no seu dia-a-dia (cá em casa e em casa dos nossos pais, fazemos questão de manter o calor característico do sul da Europa).
Todos os nossos dias passam cada vez mais por esquecer as saudades que teimam em aparecer, e aceitar que as raízes que nos ligaram (e ligam) a Portugal, vão ter que se ligar agora à Suécia. Nem sempre é fácil, mas também não é o fim do Mundo. O Natal está aí à porta, e as saudades vão à vidinha delas não tarda nada.
Ah, hoje está sol!! Achei por bem dar-vos esta informação =) Alguém se apercebeu dos raios de sol que acabaram de invadir este blogue?
Tenham um resto de bom dia!
M.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Ora então debitem práqui os vossos comentários