sexta-feira, 24 de maio de 2013

As minhas paixões

Pois que nesta descrição que aparece aqui em cima a cinza-rato, a tipa se descreve como uma apaixonada por não sei quantas coisas, e que uma delas a faz viver no estrangeiro.

Depois de responder individualmente a algumas pessoas que que me perguntaram qual das paixões é que me fazia viver no estrangeiro, aqui venho eu esclarecer as possíveis dúvidas.

A ciência.
É por causa da dita que a tipa se armou de malas e bagagens e veio morar aqui para o fresquinho, que é bom e faz bem à pele.

E acreditem que é uma verdadeira paixão. Amo de coração aquilo que faço. Sou nerd, gosto de "inteligentices", gosto de passar o dia a trabalhar no sentido de provar teorias em que pouca gente acredita, mas em que eu acredito e muito. Dá-me pica. Fascina-me a possibilidade que a ciência nos dá de experimentar coisas, testar até ao limite, errar para voltar a tentar, acertar e contar uma história acerca da descoberta. Fico fula com aquele tipo de pessoas que diz que trabalhar em investigação científica é o mesmo que passar a vida a brincar. Não é. Mas quando se gosta, também pode ser divertido. Mas acima de tudo, e mesmo acima de tudo, é útil.

Sim, tenho orgulho naquilo que escolhi para a minha vida. Não, não sei se o vou fazer até ao final dos meus dias. Ninguém o pode prever, e eu não sou diferente.

Quanto ao facto de o fazer no estrangeiro, tratou-se apenas de uma fuga estratégica. Na altura em que comecei a pensar em futuro, as coisas já se previam azedar no que toca a investigação no meu adorado país. Não me vim embora só porque queria muito trabalhar no estrangeiro. Vim-me embora porque tive mesmo que vir, e é se queria dar dar sentido ao dinheiro que os meus pais a tanto custo investiram em mim. Obviamente que queria experimentar coisas novas, outras culturas e métodos de trabalho. Também é importante. Mas acima de tudo estava a minha vontade de fazer aquilo que queria fazer com menos limitações do que aquelas que previa ter caso ficasse em Portugal.

Licenciatura e Mestrado em universidades públicas portuguesas. Um programa Erasmus no segundo ano de Faculdade e um estágio científico no último ano de mestrado, também no estrangeiro. Mais 5 anos de neurónios a serem puxadinhos até ao limite e muita dor de cabeça, e ainda a oportunidade de interagir com excelentes cientistas portugueses que não foram só meus professores, foram verdadeiros mentores, amigos e fontes de inspiração. Estes factores abriram-me as portas para o destino final: Suécia.

Nem tudo foi bonitinho e certinho, não. Sempre tive uma tendência para causar uma impressão de quem se está nas tintas para o sistema. Não porque estivesse, mas porque o sistema está habituado a estereótipos. Ao longo dos anos, sempre fui menina para estabelecer regras em relação a tudo e mais alguma coisa. Regras que impus a mim mesma, e que fui seguindo, mas que nem sempre estavam à vista de todos.

Durante a faculdade tive um grupo de amigos que era conhecido por todos como o grupo da boémia (pfff, que saudades do tempo em que assim era...). Diverti-me à grande, pá. Esta imagem de não-quero-saber-eu-é-que-sei trouxe-me alguns dissabores. Apesar das boas notas e de todo o esforço, vi-me prejudicada em algumas situações à conta disso. Mas não interessa. Hoje olho para trás e tenho a certeza de que repetia 90% da asneirada que fui fazendo. Por duas razões: porque me fez feliz, e porque nada disso me impediu de atingir qualquer um dos meus objectivos a nível profissional.

Pronto, era isto que tinha para vos contar.
Tenham uma sexta-feira à maneira.
M




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